Borgs *:) tem uma interface razoavelmente autoexplicativa, fácil de usar. Ao passar o mouse sobre os botões, há pequenas explicações das diferentes funcionalidades. Complementarmente - e como eu sei que as pessoas raramente consultam a ajuda dos aplicativos (F1) - criei este este tutorial passo-a-passo, para apresentar a abordagem do Borgs *:) para o registro das notas de leitura. Nesta introdução, tratarei dos arquivos e conceitos básicos do aplicativo.

Por que arquivos?

Apesar dos aplicativos na nuvem (online) estarem em alta e existirem várias opções para registrar notas de leitura ou dados de pesquisas bibliográficas, algo que sempre me preocupou é: a empresa que gerencia o armazenamento destes dados vai continuar existindo daqui a cinco anos, quando eu precisar deles?

Ao longo dos anos, eu lembro de pelo menos uns quatro e-mails assustadores dizendo da forma mais gentil possível que "estamos encerrando nossas operações". Outra preocupação é que, geralmente, o modelo de negócio de aplicativos na nuvem ou limita as funções na versão gratuita ou, pior, limita a quantidade de informação que pode ser armazenada. Além disso, eu já fiz pesquisa em lugares sem acesso à Internet, e prefiro a constância de um aplicativo desktop.

Assim, apesar de ser um entusiasta das possibilidades de armazenamento na nuvem, ao criar o Borgs *:) eu adotei uma abordagem um pouco mais conservadora: arquivos. Você pode optar por guardá-los onde quiser, mesmo que seja em um drive virtual, na própria nuvem, como eu faço. O importante é ter controle do lugar da informação, porque esses dados são muito valiosos para quem vive de estudar e ajudar a aprender.

Como você deve ter percebido, os elementos do Borgs *:) são uma decomposição da informação que inserimos nas fichas de papel cartão do fichamento tradicional. Essa decomposição existe para permitir que:

1) a informação seja reutilizada. Uma mesma pessoa pode ter escrito várias das suas referências, certo? Então você vai criar apenas uma entrada para ela, e depois associar todas as referências que ela escreveu. O mesmo acontece com conceitos: várias declarações em várias publicações podem se referir ao mesmo conceito. Aliás, esse é exatamente o tipo de informação que buscamos em uma revisão bibliográfica, ou então ao reler as nossas fichas de leitura.

2) a informação seja facilmente localizada. Um problema óbvio com fichas tradicionais (e com alguns aplicativos feitos para substituí-las) é a dificuldade de localizar dados quando a busca está invertida em relação à estrutura dos dados. Por exemplo, de tempos em tempos você provavelmente precisa localizar rapidamente, na sua base de dados, todas as pessoas que explicam um determinado conceito. Ou então, todas as publicações onde esses conceitos aparecem. Não é muito prático fazer essa busca analisando ficha por ficha, porque os conceitos geralmente não estão nos títulos. Também não costuma ser fácil analisar cada resumo de artigo, porque nem sempre (por incrível que pareça), os conceitos principais são as palavras-chave dos textos. Você poderia pensar em criar fichas complementares, que ordenassem os textos a partir dos conceitos, mas isso seria um trabalho extra, que pode ser evitado quando se utiliza uma estrutura de dados mais versátil. Borgs *:) faz exatamente isso por você, de maneira muito natural, o que pode inclusive fornecer insights para a sua pesquisa.

3) a informação seja reorganizada. Outra dificuldade de sistemas de organização de notas de leitura é que a sua rigidez pode dificultar o reordenamento da informação, que é uma atividade muito comum em pesquisa bibliográfica. Você pode querer criar uma estrutura de dados temporária quando está escrevendo um texto, selecionando a informação bibliográfica que corresponde a cada parte dele. Ou então selecionar diferentes fragmentos de texto de diferentes referências para constituir uma apresentação ou o conteúdo de uma aula. Com Borgs *:) você não precisa duplicar essa informação, pode apenas associá-la de maneiras diferentes, mantendo a organização original intacta.

Além disso, a estrutura de dados flexível do Borgs *:) permite que você registre dados das suas leituras da forma como preferir, sem ter que seguir uma ordem específica. Você pode continuar a ser organizar a partir das referências em si (como nas fichas tradicionais), ou então a partir das pessoas de quem está estudando a biografia (e a bibliografia), a partir de anotações com ideias para possíveis caminhos de pesquisa, ou a partir de palavras-chave (conceitos) que está investigando. Particularmente, eu prefiro me organizar por fragmentos de textos (declarações) e conceitos que eles definem. Ao ler um texto que parece interessante manter registrado, eu crio um elemento do tipo Declaração e, conforme necessário, vou criando elementos à sua volta: onde a declaração foi feita, por quem, sobre o quê, etc. Você vai acabar descobrindo o seu jeito de registrar notas de leitura conforme utiliza o aplicativo.

Na parte 2 do tutorial, você vai ver como criar os elementos que armazenam informação no Borgs *:).